Como postámos ontem as propostas feitas pelas nossas colegas d PART para a zona da Ribeira de Talaíde, hoje decidimos colocar no blogue uma imagem, pelo Virtual Earth, deste afluente da Ribeira da Lage.
Como é óbvio não se vê toda a ribeira, apenas uma pequena parte, perto do jardim e onde está a tal ponte de tábuas, elo de ligação entre as duas margens. Como se pode ver a Ribeira não é muito larga mas não é por isso que deixa de ser importante!
Aqui está a imagem:
Pedim os às nossas colegas que trabalham no PART que escrevessem um texto que identificasse os principais problemas da Ribeira de Talaíde e que mostrasse as soluções propostas para esta zona da freguesia. Isto foi pedido às nossas colegas pois elas estão a trabalhar em pormenor nesta zona da Ribeira logo têm mais conhecimento sobre o assunto.
Elas escreveram um texto muito completo que vamos aqui postar:
"Introdução:
Após várias visitas à ribeira, identificámos os principais problemas da área:
A par com estes problemas surgem também as várias potencialidades da zona:
O Jardim: Já no ano anterior (2007) tinha sido iniciada a construção de uma parte ajardinada na margem da Ribeira. Actualmente possui já bancos, papeleiras e um parque infantil, para além do ringue, e é usado frequentemente pela população como espaço de lazer.
Tendo em conta estes factores, a nossa proposta ia no sentido de dividir a zona considerada em três partes: uma zona ajardinada, uma zona que preserve o ecossistema ripícola natural e uma zona de hortas.
Jardim:
Como já referimos, esta tem sido a zona que tem sido construída ao longo dos últimos dois anos. É uma zona de grande importância para a população que assim pode ter um espaço ao ar livre para o lazer, combatendo não só o stress como o estilo de vida sedentário. É no entanto importante tentar manter um equilíbrio entre o ecossistema da ribeira e as actividades desenvolvidas perto e ao longo dela.
Tendo isto em conta, é necessário um especial cuidado com a flora introduzida nesta área. O ideal seria optar por espécies autóctones, que não só são mais resistentes, como também proporcionam abrigo e alimentos aos animais ali existentes. Por outro lado, e como é praticamente impossível ter um jardim sem relva, espécie que gasta muita água, era interessante tentar aproveitar a água da própria Ribeira para a rega (como aliás já se faz nas hortas).
Quanto a equipamentos, pensamos que seria interessante dotar o jardim de um pequeno circuito de manutenção, de forma a incentivar a prática de exercício físico. Outro equipamento essencial é também uma ponte fixa que permita a passagem entre as duas margens. E, porque não, tirando o máximo de partido da ponte, aumentar a parte ajardinada também para a outra margem, envolvendo completamente a ribeira nesse jardim.
Zona Verde:
O objectivo para esta zona seria mantê-la o mais natural possível, de modo a preservar a flora natural da ribeira e de modo a que os animais pudessem ter ume spaço mais calmo para se abrigar e alimentar. Esta zona teria também uma vertente pedagógica, já que permitiria à população contactar mais de perto com um ecossistema natural. Esta zona teria primeiro que ser intervencionada, delimitando-a e eliminando-se ao máximo as espécies invasoras (na maior parte as canas). Após esta intervenção esta zona exigiria poucos cuidados, já que o ideal é que o ecossistema se desenvolva sem a intervenção humana. Para que a população pudesse também usufruir desta zona seria importante fazer um caminho dentro dela acompanhada por placas explicativas e identificadoras de várias espécies.
Zona de Hortas:
Como já dissemos anteriormente, pensamos que uma parte das margens da ribeira devia ser dedicada à "agricultura urbana", não só porque é já essa a sua ocupação actual como também porque traz vários benefícios à população. Para alguns esta é uma actividade lúdica e que permite continuar a ter algum contacto com o meio "rural", enquanto que para famílias mais desfavorecidas as hortas são uma fonte de alimentos e de rendimentos.
Pensamos que seria importante aproveitar o antigo moinho e recuperá-lo para que os agricultores pudessem mais facilmente obter água da ribeira, assim como fornecer outros apoios necessários para a construção de cercas e casas de abrigo, de modo a minorar o aspecto degradado. Isto não só melhoraria a actividade dos agricultores como os responsabilizava por manter o seu espaço limpo e cuidado, contribuindo para uma menor poluição da ribeira.
Conclusão:
Uma vez que todas estas actividades giram em torno da ribeira é óbvio que a qualidade da sua água é um factor essencial para o bem estar da população, já que pode ser um foco de doenças. Por isso seria necessário analisar com regularidade os vários parametros físico-quimicos e também fazer algum tpo de monotorização do troço de modo a garantir que não há abusos por parte de ninguém e que os habitantes da Ribeira são respeitados."
Foi esta a reflexão que as nossas colegas fizeram mostrando o que se pode fazer pelo bem-estar da natureza e da população.
Objectivos:
No dia 14 de Fevereiro de 2008, o grupo do PART (Ana Filipa, Joana Gomes e Vera Patrício) voltou à Ribeira de Talaíde, acompanhadas pela professora Susana Bulcão.
Continuando a monitorização anterior, esta segunda visita tinha como objectivos reconhecer o troço a adoptar e voltar a fazer algumas medições e observações em parte do troço já percorrido para ver se havia grandes mudanças.
As hortas
Conclusões:
No nosso ponto de vista esta utilização não é negativa em si, já que se trata de aproveitar os recursos naturais da zona, usufruir da ribeira, o que é negativo é a forma anárquica como é feita. Ao serem usados desperdícios, por exemplo,na construção das cercas perde-se a noção do que é lixo de facto e do que poderá estar a ser reutilizado. Este é um ponto difícil de melhorar já que por um lado achamos que se deve preservar o direito das pessoas da localidade de usufruírem da ribeira, mas por outro há que mantê-la limpa e preservar o seu ecossistema.
Como prometido a pesquisa foi concluida.
O Dr. Pedro Teiga e o Dr. Domingos Leitão mandaram-nos um e-mail com as classificações dos cursos de água superficiais
PARÂMETRO: | UNIDADES: | MÉTODO DE CÁLCULO | A | B | C | D | E | |||||
Excelente | Boa | Razoável | Má | Muito má | ||||||||
PERCENTIL | FREQUÊNCIA | MIN | MAX | MIN | MAX | MIN | MAX | MIN | MAX | - | ||
Azoto amoniacal | mg/l NH4 | 85 | 8 | - | 0.5 | - | 1.5 | - | 2.5 | - | 4 | >4 |
Condutividade | µS/cm, 20ºC | 85 | 8 | - | 750 | - | 1000 | - | 1500 | - | 3000 | >3000 |
Nitratos | mg/l NO3 | 85 | 8 | - | 5 | - | 25 | - | 50 | - | 80 | >80 |
Oxigénio dissolvido (sat) | % Saturação de O2 | 85 | 8 | 90 | - | 70 | - | 50 | - | 30 | - | <30 |
pH | Escala Sorensen | 85 | 8 | 6.5 | 8.5 | 5.5 | 9 | 5 | 10 | 4.5 | 11 | >11 |
Comparando os valores das análises com os valores ideais quanto a presença de azoto amoniacal o troço da ribeira de Talaíde está em má condição. Quanto à saturação de oxigénio e presença de nitratos está em boa condição e ao pH e à condutividade está excelente.
Como não temos acesso a valores ideais de mais testes de qualidade da água só podemos fazer estas poucas comparações.
Podemos com estas comparações concluir que a ribeira está em condições razoáveis, mas esperamos que no fim deste projecto a ribeira esteja em condições excelentes, a todos os níveis.
Ainda no período passado tínhamos pedido ao Dr. Domingos Leitão, que trabalha na Câmara de Oeiras na parte ambiental e nos tem ajudado ao longo do nosso trabalho, se era possível que a câmara fizesse algumas análises físico-químicas à água da ribeira. Ele prontamente contactou os SMAS que se disponibilizaram a fazer as análises. Assim no dia 8 de Janeiro um responsável do laboratório dirigiu-se á nossa escola e perguntou-nos onde queríamos que a água fosse recolhida. Pedimos-lhe que fizesse a recolha perto da ponte rodoviária de Talaíde, o ponto mais a jusante da nossa monitorização. Hoje chegaram os resultados das análises que publicamos aqui:
Parâmetros |
Resultados |
Unidades |
Azoto amoniacal |
<3.0 |
mg/L NH4 |
Nitratos |
10.0 |
mg/L NO3 |
Condutividade |
600 |
mS/cm |
pH |
7.5 |
Unidade de pH |
Temperatura |
17 |
ºC |
Oxigénio Dissolvido |
8.2 |
mg/L O2 |
Temp. Determinação do O2 D |
16 |
ºC |
Salinidade |
0.3 |
dS/m |
Nitritos |
0.3 |
mg/L NO2 |
Estamos agora pesquisar os valores de referência existentes para este tipo de ecossistemas de modo a podermos compará-los com os nossos valores!